Quando pensamos em violência contra a mulher no exterior, a primera coisa que nos vêm à cabeça sao alguns países radicais do mundo arábe que praticam a lapidação (ou apedrejamento), como forma de execução de condenados à morte. Pela lei iraniana, uma mulher condenada ao apedrejamento deve ser enterrada até a altura do peito e golpeada à morte por pedras nem pequenas nem grandes demais. Portanto, em muitas culturas, a violência contra a mulher é aceita; e normas sociais sugerem que a mulher é a própria culpada da violência por ela sofrida apenas pelo fato de ser mulher.
A Espanha, por outro lado, tem uma lei específica de protecçao integral à vitimas de violência de genêro (Ley Orgánica 1/2004). Logicamente esta lei protege tanto a homens como a mulheres, entretanto, as estatisticas mostram que as mulheres sao vitimas em praticamente 100% dos casos registrados pela policia. Ano passado foram mortas na Espanha 73 mulheres pelas maos de seus companheiros ou ex-companheiros, o que dá uma média de 6 homicidios ao mês. (Fonte: Ministerio de Igualdad).
No Brasil, a violência contra a mulher é crime previsto pela Lei 11.340/2006, conhecida como "Lei Maria da Penha". Os numeros brasileiros assustam: De acordo com o Instituto Sangari, entre os anos de 2003 e 2007 foram registrados 19.440 homicidios de mulheres, algo perto de 4.000 homicidios ao ano. (ou 1 homicidio a cada 2 horas). Municípios como Tailândia, no Pará, ou Serra, no Espírito Santo ostentam taxas em torno de 19 homicídios para cada 100 mil mulheres, se fossem países, teriam a triste liderança internacional nessa área (El Salvador, taxa de 12,7 homicídios em 100 mil mulheres, Rússia 9,4 e Colômbia 7,8)
Apesar da Espanha nao apresentar numeros alarmantes de violência contra a mulher, em relaçao a outros países, me impressiona o grau de relevância que este assunto tem na sociedade e principalmente na imprensa espanhola. Cada novo caso de homicidio contra uma mulher é noticia de capa dos principais jornais do país. As prefeituras onde ocorrem os homicidios imediatamente se manifestam condenando a violência, e as autoridades refletem se as medidas existentes de proteçao sao suficientes.
Portanto, nao podemos dizer que qualquer mulher que resida na Espanha, está 100% livre de ser vitima de violência de genêro, porque infelizmente isto dependerá muito do carater, dos valores e da cultura de seu companheiro. Entretanto, a Espanha é um país que dispoe de um forte aparato policial dedicado a este tipo de violência, existem juizados especiais para este tipo de crime, as leis sao muito abrangentes. Além disso, a sociedade espanhola tem mostrado dar a devida importância a este (infelizmente) milenar problema. Aqui na Espanha, nao se trata de "um caso a mais". A repercussao sempre é grande.
Clicando no site do Ministerio de Igualdad (aqui), você poderá analisar os ultimos números de violência de gênero na Espanha.
1 comentario:
Na Espanha o assunto toma grandes proporções porque não existe tantos assassinatos por outras causas... Não morre tanta gente vítima de assalto ou em brigas entre traficantes. Acho que a violência contra a mulher existe no mundo inteiro e assusta. Mas tu já viu que embora o governo faça mil e uma campanhas, a maioria das vítimas nunca tinha denunciado o seu assassino antes? E a violência entre os casais mais jovens está aumentando, ao invés de diminuir? Este papo é sério, muito sério, pois mostra que a sociedade espanhola é muito mais machista do que pensa.
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